Aula 7 de Teoria da Comunicação : Cultura

funk-e-cultura

Por Marina Ferreira

O dicionário Aurélio define cultura como:

1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2. Cultivo. 3. O complexo dos padrões de

comportamento, das crenças, das instituições e doutros valores espirituais e materiais

transmitidos coletivamente e característicos de uma sociedade: civilização. 4. O

desenvolvimento de um grupo social, uma nação, etc., que é fruto do esforço coletivo pelo

aprimoramento desses valores; civilização, progresso. 5. Apuro, esmero, elegância. 6.

Criação de certos animais, em particular os microscópicos”.

O que encontramos para definir o que é cultura através do dicionário em comento, nos mostra de imediato que o termo varia, sugerindo-nos que todas as definições nele presentes são aceitas. Para um leitor descompromissado, tais significados podem ser facilmente utilizados, desde que aplicados a uma determinada situação que o exija. No entanto, para o historiador, a utilização do termo não pode ser feita dessa maneira, já que a adoção de um ou outro, ou de um e outro significado implica necessariamente a tomada de uma posição acadêmico-política. Entendendo essa perspectiva, pontuo aqui que a cultura é fundamental para a compreensão de diversos valores morais e éticos que guiam nosso comportamento social. Entender como esses valores se internalizaram em nós e, como eles, conduzem nossas emoções – e a avaliação do outro -, é um grande desafio. A Cultura é viva. Constituída por elementos herdados do passado, por influências exteriores adaptadas e por novidades inventadas localmente, a cultura exerce funções importantes na sociedade, ou seja: o que é belo numa sociedade poderá ser feio em outro contexto cultura.

Raymond Williams e a elaboração de uma teoria materialista da cultura

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Raymond William

Preocupado principalmente com a questão do estabelecimento de uma teoria literária marxista, Williams partiu dos conceitos da teoria cultural de Karl Marx. No entanto, fez uma revisão desse conceito e se afirmou não como marxista, mas sim como um teórico do materialismo cultural que, segundo ele, era “uma teoria das especificidades da produção cultural e literária material, dentro do materialismo histórico”. Tentando marcar a formação histórica do conceito de cultura, tirando-lhe o caráter de ‘entidade percebida’, Williams recuperou a trajetória do termo que, até o século XVI era associado à ideia de cultivar alguma coisa (animais, colheitas, sementes, etc.) Ele afirmou que, a partir do século XVIII, seu significado se ampliou, passando a significar também conhecimento erudito, relacionado ao desenvolvimento e progresso social. Porém, a partir principalmente do século XIX, a relação entre as ideias de cultura e civilização foram questionadas, já que uma não levava necessariamente à outra, e que o conceito de civilização se referia a uma situação histórica específica, como por exemplo, a dos países Inglaterra e França. Questionado, sobretudo pelos românticos alemães, o termo cultura passou a ter um sentido diferente, associado à religião, às artes, família, vida pessoal, significados e valores.

Cultura está envolvida na memória, no local, em qualquer tipo de cultivo relacionado a algum segmento. No âmbito fonográfico há o questionamento sobre alta ou baixa cultura; alguns intelectuais acreditam na existência de uma alta cultura, por acreditarem, em certo ponto, que cultura é aquilo que irá apenas acrescentar pontos positivos ou disseminar um legado, porém não se pode estudar o que é cultura com olhar vicioso e nem preconceituoso. O funk, por exemplo, é um ritmo musical muito criticado pelas pessoas, simplesmente por acharem que o funk é um estilo de musica para as pessoas que moram nos morros da cidade do Rio de Janeiro por exemplo. O erro das pessoas é esse, julgar sem saber pelo menos a origem daquele ritmo musical. O funk é um ritmo originado da música norte-americana no final da década de 1960, que teve origem através do soul music. Tem uma batida mais pronunciada e algumas influências do R&B, do rock e da musica psicodélica, ou seja, a partir daí podemos observar que o funk não se relaciona ao termo baixa cultura simplesmente pelo fato de que a maioria de seus ouvintes são de ambientes como favelas, morros ou locais mais humildes.

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